Lovina Tropical Bar, Cabedelo
A grande vantagem de João Pessoa sobre a maioria das capitais nordestinas é que não é preciso sair da cidade para aproveitar suas melhores praias. Quer dizer: tecnicamente algumas dessas praias estão na vizinha Cabedelo, mas rodando pelas ruas paralelas ao mar você não percebe onde acaba uma cidade e onde começa a outra.
João Pessoa e Cabedelo têm praias calmas (a maioria), têm praia de onda (Intermares), e têm balneabilidade o ano inteiro (só Manaíra, onde nenhum pessoense estenderia a canga, costuma estar imprópria).
A atividade praiana em João Pessoa começa cedo: das 5h às 8h, a beira-mar de Cabo Branco, Tambaú e Manaíra é interditada para jogging. Mas tudo acaba muito cedo — como o horário na Paraíba é errado (deveria ser horário de verão o ano inteiro), às 14h já está todo mundo batendo em retirada da praia, e às 17h está escuro.
João Pessoa, vista da praia do Poço
Vamos às praias, em ordem geográfica do sul para o norte:
Cabo Branco & Tambaú
Cabo Branco, João Pessoa
A Copacabana de João Pessoa é uma aula de bom urbanismo. Com a altura dos edifícios da avenida beira-mar limitada a quatro andares (as pouquíssimas exceções são antigas e provavelmente anteriores à lei), a ventilação não é prejudicada, não há sombra maligna de arranha-céus e o desenho da enseada não compete com um paredão de prédios. O calçadão é muitíssimo bem-resolvido, com quiosques padronizados (agrupados de três em três), todos com mobiliário de madeira (xô, plástico horroroso!) e varandas agradabilíssimas.
(Perguntinha: se a Skol pode fornecer cadeiras dobráveis de madeira para os quiosques do calçadão de Cabo Branco, por que não pode fazer isso em outras praias Brasil afora?)
Na areia, o bom-gosto também está presente: as cadeirinhas para alugar têm estrutura de alumínio e assento de nylon, o que deixa a praia extremamente, com trocadilho, bem-apessoada.
Tambaú: voltando de Picãozinho
O canto esquerdo (tecnicamente, Tambaú) é o mais muvucado; dali saem as embarcações que levam às piscinas naturais de Picãozinho (que aparecem 20 dias por mês, em torno das épocas de lua cheia e lua nova).
Quiosques do calçadão
Da avenida Epitácio Pessoa para a direita (sul) é Cabo Branco. Passeando por ali num sábado à tarde, fiquei com vontade de ficar para o chorinho do Espetinho do Caluquinha; voltei mais tarde para tomar uma caipiroska no estiloso Bar da Maga. Para almoçar ou jantar com vista para o mar, o Olho de Lula, e sua filial mais arrumadinha Capitão Lula, são ideais. O restaurante mais sofisticado de João Pessoa está no fim da orla: é o Roccia.
Onde ficar em Tambaú
Na primeira quadra da praia, junto ao centrinho de Tambaú encontram-se o econômico Littoral Express e o Atlântico Praia, de padrão três estrelas (que já foi Othon). Na quadra seguinte, ainda superperto das feirinhas de artesanato e da noite de Tambaú, estão o Nord Imperial e o novinho Corais de Tambaú.
Para estar bem na muvuca do centrinho de Tambaú, compare o Tropical Tambaú(que não tem a minha simpatia; trata-se de um hotel construído sobre a areia mas que praticamente não se comunica com o mar), o Nobile Inn Royal (bem na pracinha) e o Best Western Caiçara (junto a bons bares e restaurantes). Ali no centrinho você estará a passos do descolado Empório Café, dos bons italianosAppetito e Mediterrâneo, do japonês Ippon e da cervejaria Devassa.
Considere também o Village João Pessoa, que fica a quatro quadras da praia, na avenida que divide Cabo Branco de Tambaú, mas que compensa a distância com apartamentos amplos, café da manhã espetacular e um charmoso restaurante no térreo, o Blue.
Cabo Branco, com a Ponta do Seixas ao fundo
Onde ficar em Cabo Branco
Cabo Branco é certamente a praia urbana brasileira (com balneabilidade!) que oferece a melhor relação custo x benefício para se hospedar ao longo da avenida beira-mar. Os quartos dos hotéis mais baratos costumam ser bem compactos, mas a comodidade de atravessar a rua para ir à praia compensa.
Dos hotéis da orla, o InterCity Marinas João Pessoa é o mais próximo do centrinho de Tambaú (10 minutos de caminhada). Três quadras adiante, num bom ponto da praia (o restaurante caretão Porto Madero fica por ali, numa quadra de trás), estão o econômico Igatu e o bom três estrelas Nord Easy Ondas do Atlântico. Quatro quadras para a frente, o Quality Sol e Mar é o último hotel na zona servida por quiosques.
O terço final da enseada tem apenas coqueiros no calçadão da praia. (Quer dizer: também há uma discretíssima prostituição, inclusive diurna, em pontos esparsos.)
O moderninho Ibis ganhou um concorrente mais simples na mesma quadra, o Nord Easy Green Sunset. A esquina seguinte tem um hotel básico estalando de novo, oNord Easy Imperial Suites. A última quadra da praia tem a melhor novidade da hotelaria pessoense, o elegante Cabo Branco Atlântico — onde está instalado o ótimo restaurante Roccia, do chef Onildo Rocha, formado por Laurent Suaudeau (e com salão comandado pelo maître Otoniel, veterano do Laurent e do Emiliano). O hotel vizinho, o Nord Class Cabo Branco, tem o mesmo porte do Cabo Branco Atlântico, mas bem menos glamour.
Manaíra
Manaíra
Primeira praia ao norte de Tambaú, Manaíra serve basicamente para o jogging. A praia não tem nenhuma estrutura de barracas, o mar costuma ter ondas e estar turvo.
Ainda assim, é uma boa base para aproveitar a João Pessoa dos pessoenses, já que é o bairro comercial mais bacana da cidade. Por aqui você vai encontrar dois shoppings (o Mag, pequenino e de frente para o mar, e o Manaíra, o maior da cidade) e ótimos restaurantes. O mais emblemático da cidade é o Mangai (que inventou a onda dos bufês nordestinos e tem filiais em Brasília e Natal). O Tábua de Carne é a churrascaria nordestina por excelência (com vários cortes de carne de sol e os melhores acompanhamentos). Para variar da comida do sertão, há o charmoso Empório Gourmet, na Edson Ramalho (a “Oscar Freire” de Jampa, onde também está o Mangai) e, escondidinhos mais para dentro do bairro, o enorme Nau, especializado em peixes e frutos do mar, o francês Degustar e o cultuado Quintal, que tem menus trocados a cada dia e só atende medidante reserva com três dias de antecedência. Numa vibe mais turista mesmo, se jogue no rodízio de camarão do Canoa dos Camarões, na avenida beira-mar, a meia quadra do centrinho de Tambaú.
Onde ficar em Manaíra
O melhor hotel de João Pessoa fica a uma quadra do centrinho de Tambaú: é oVerdegreen, onde a postura ecologicamente correto é só uma faceta do profissionalismo do hotel. Bem mais adiante na beira-mar, o Hardman é o hotel de luxo tradicional da cidade; o (insosso) InterCity Premium funciona num flat de apartamentos com sala e quarto. Mais para dentro do bairro, próximo às lojas e restaurantes, considere o Village Confort, que costuma ter ótimas tarifas.
Bessa
Praia do Bessa, na região do calçadão
Há dois verões, uma operação de retirada de barracas, ordenada pelo ministério público, mudou radicalmente a orla deste agradável bairro residencial. O trator levou a barraca “cult” da cidade, o Peixe Elétrico — mas deixou no seu lugar um calçadão com vista desimpedida do mar (na areia, continua sendo possível alugar cadeirinhas).
Golfinho, Bessa
A avenida beira-mar não margeia toda a praia, não. O trecho mais antigo do bairro (na continuação de Manaíra) têm casas rente à areia. Por ali continua funcionando o bar Golfinho, muito procurado por famílias. Na parte da praia com calçadão, o point mais gostoso (para o pós-praia) é o Bessa Grill. Ainda no bairro, mas longe do mar, o Picuí Praia é especialista em carne de sol.
O interior do bairro tem uma vida noturna intensa. O trip Thyago Portella é um dos sócios de um pub que está bombando, o Republik.
Intermares
Intermares, Cabedelo
Quando a avenida fica mais larga, aparecerem prédios à sua esquerda e coqueiros à sua direita, é porque você deixou João Pessoa e entrou em Cabedelo.
Intermares, Cabedelo
Intermares, a primeira praia, tem ondas: é o point dos surfistas. Mas não só deles: tartarugas marinhas também costumam freqüentar suas águas (e areias); elas têm a assistência do Projeto Tartarugas Urbanas.
Não há mais barracas de praia em Intermares.
Poço & Camboinha
Poço, Cabedelo
Com casas de veraneio em toda a sua extensão, essas duas praias contíguas são as mais gostosas de João Pessoa — perdão, de João Pessoa e Cabedelo. O mar é piscininha e a areia, própria para caminhadas.
Lovina, Cabedelo
Logo no início do Poço se encontra a melhor novidade praiana de João Pessoa (OK, e de Cabedelo): o Lovina Tropical Bar. É um lugar eclético, com algo para contentar cada público. Embaixo de uma grande tenda há mesas e cadeiras, como no Golfinho do Bessa (mas com muito mais dignidade, pois são de madeira!).
Lovina
A parte da frente é chiquérrima, com lounges privativos com sofás e mesas baixas. Para ocupar um deles no fim de semana, é preciso reservar lá pela quarta ou quinta-feira. (Até dezembro não cobravam consumação mínima, mas no verão é possível que passem a cobrar.) O único senão dessa área são as caixas de som individuais, que podem ser conectadas a pendrives e transformar cada lounge num carro de som.
Lovina
Entre a grande tenda e os lounges existem simpáticas mesas e cadeiras espalhadas pelo gramado — solução intermediária ótima para quem não tem medo do sol (presente!). Também há um pequeno playground para as crianças.
Camboinha, Cabedelo
Mais adiante você encontrará outros bares de praia, como o Marujo Bar. A maioria serve de ponto de embarque para passeios à ilha de Areia Vermelha (veja a seguir).
Areia Vermelha
Areia Vermelha, vista da praia de Camboinha
Esta curiosa ilha é um banco de areia que emerge na maré baixa em vinte dias do mês — no entorno das luas cheia e nova. A ilhota funciona como ímã para lanchas e barcos lotados de turistas, que nos fins de semana podem ocupar cada centímetro da orla.
Areia Vermelha
Os barcos cobram entre R$ 20 e R$ 30 para levar do Poço ou de Camboinha até a ilhota.